Uma embaixadora da MPB na Europa
Estudiosa e amante da música brasileira, a cantora e compositora italiana
Cantora, violonista e compositora, a italiana Barbara Casini é o que se pode chamar de embaixadora da música brasileira em seu país. São mais de 40 anos dedicados ao estudo e à difusão da MPB nos lugares onde se apresenta. Acompanhada de outro compatriota com o mesmo gosto, o violonista e cantor Beppe Fornaroli, ela se apresenta no próximo dia 25de novembro, às 20h30, no Teatro Brigitte Blair.
“Meu primeiro encontro com a música brasileira se deu aos 15 anos, quando, ainda adolescente, escutei o famoso disco de João Gilberto e Stan Getz, com Tom Jobim ao piano. Foi o início de uma paixão que desde então aquece e alimenta minha vida particular e profissional”, explica a cantora. “Anos depois essas primeiras escutas bossanovísticas, tive a sorte de encontrar o maravilhoso Beppe Fornaroli, com quem passei a pesquisar e aprofundar o conhecimento desse tesouro inestimável que é a música do Brasil, que eu nunca vou parar de cantar, tocar, estudar, descobrir e divulgar”, anima-se.
Ao longo de sua carreira colaborou com figuras importantes do cenário jazz italiano e internacional (Enrico Rava, Stefano Bollani, Fabrizio Bosso, Phil Woods, Lee Konitz…) e brasileiro (Toninho Horta, Guinga…). Liderou várias formações musicais com as quais se exibiu nos principais festivais de jazz e de world music. Gravou 20 álbuns como cantora, alternando seu trabalho autoral com releituras da obra de grandes compositores.
Ao longo dessa vasta discografia, realizou interessantes misturas de gêneros, como o disco Vento, (Label Bleu, 2000) gravado com Enrico Rava e Stefano Bollani e uma
orquestra de câmara (Accademia Filarmonica della Scala), e Agora tá (Via Veneto Jazz, 2012) gravado com a Orchestra Jazz della Sardegna, ambos com os arranjos do compositor Paolo Silvestri. Com Silvestri produziu uma homenagem a Edu Lobo para orquestra sinfônica e grupo jazz, tendo como convidado especial Enrico Rava, que foi executada em vários teatros pela Orchestra Filarmonica Marchigiana.
Valendo-se de sua condição de compositora, dedicou-se à tradução de prosas e letras de músicas para usá-las em peças teatrais, como nos espetáculos “Parola Prima”, baseado nas canções de Chico Buarque, e “Reis de Janeiro – musica sacra fra Brasile, Africa e Europa”, ambas montagens com a atriz e cantora Monica Demuru. E escreveu um livro de entrevistas, com depoimentos de grandes compositores brasileiros (Chico Buarque, Edu Lobo, Gilberto Gil, Ivan Lins, Joyce Moreno e muitos outros) e está coletando material para um segundo volume dedicado aos artistas da nova geração da MPB.
Seus trabalhos fonográficos mais recentes são Uma Mulher (Philology, 2015) gravado con dois grupos de jovens talentos do jazz italiano e que propõe principalmente composições originais dela, e Terras (Jando Music 2016) com os artistas potiguares Roberto e Eduardo Taufic, dedicado à música do Nordeste.
Em 2019 realizou Viva Eu, um álbum com repertório do compositor e músico Novelli, gravado no Rio de Janeiro com Toninho Horta, que toca violão em 11 das 15 faixas do disco e uma relação de convidados ilustres convidados, a fina flor da MPB: Chico Buarque, Joyce Moreno, Edu Lobo, Danilo Caymmi, Francis Hime, Luiz Cláudio Ramos, Ilessi, Nelson Angelo. O disco foi publicado em 2020 pelo selo italiano Encore Music e recebeu ótimas críticas na Itália e no Brasil. Pelo mesmo selo acaba de ser lançado Hermanos, que reúne composições de vários autores latino americanos de várias gerações, um trabalho em dou com o saxofonista argentino Javier Girotto.
SOBRE BEPPE FORNAROLI
Nascido em Milão em 1954, Beppe Fornaroli começou a tocar violão aos 12 anos de idade como autodidata e descobriu logo o Brasil através da música de Luiz Bonfá, João Gilberto e Baden Powell. Com 18 anos, se profissionalizou tocando músicas italianas e internacionais, sozinho e com banda, em piano-bares e clubes.
Escursionou pela Itália, França, Suiça, Alemanha, Bélgica, Finlândia, Africa e Brasil. Liderou vários conjuntos e colaborou com importantes artistas do cenário jazz, pop brasileiro e italiano: Vinicio Capossela, Teresa de Sio, Luigi Bonafede, Rosario e Giuseppe “Naco” Bonaccorso, as cantoras Barbara Casini e Zezé Vilhora, entre muitos.
Depois de muitas viagens de estudo e pesquisa no Brasil, fixou residência em São Paulo a partir de 1997 e logo passou a colaborar em gravações e apresentações ao vivo de artistas como Célia, Verônica Sabino, Fernando Brant, Délcio Carvalho, Nelson Ayres, Itamar Collaço, Marcus Teixeira, Fabio Torres, Celso de Almeida, Toninho Pinheiro, Edu Ribeiro e muitos outros.
Foi músico residente da orquestra do programa “Qual é a música” do SBT, por quatro anos e integrou o grupo fixo que tocava todas as noites na casa de shows Tom Brasil, especializada em música brasileira.
Dos muitos CD onde colaborou se destacam os da cantora italiana Barbara Casini, em particular Parola Prima, uma homenagem a Chico Buarque; Barato Total, sobre a música de Gilberto Gil; e o mais recente Viva Eu, gravado com Barbara Casini e Toninho Horta em homenagem a Novelli.
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